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Upside Down

Um blogue de uma futura (e esperançosa) jornalista, que vê na escrita um refúgio para os bens e para os males da vida.

Upside Down

Um blogue de uma futura (e esperançosa) jornalista, que vê na escrita um refúgio para os bens e para os males da vida.

(Des)acordo ortográfico

Desde que se soube que iria haver um novo Acordo Ortográfico, a polémica instalou-se na Internet, nas redes sociais e espalhou-se um pouco por toda a população, como se uma epidemia perigosa estivesse prestes a entrar no nosso país e a levar-nos todos à morte. No fundo, o novo Acordo Ortográfico acaba por ser uma epidemia da língua portuguesa, que entrou para lhe tirar alguma da sua personalidade.

Sou, desde o início, contra este acordo, mas tive de me conformar, não porque sou conformista mas porque sou estudante e, como tal, sou obrigada a escrever segundo as normas. E é exatamente por isso que estou a escrever este texto. Irrita-me solenemente ver um grupo de pessoas, muitas delas conhecidas do grande público, dizerem nas redes sociais que se recusam a escrever segundo as novas medidas e que, como são contra o Acordo Ortográfico, apoiam a sua reversão. Ora, se pensarmos um bocado, isto é totalmente injusto para quem, como eu, tem de se limitar a aceitar ordens e normas ou, caso contrário, chumba num exame por dar erros ortográficos. É perfeitamente claro que um qualquer escritor conceituado pode recusar-se a escrever segundo as novas normas, assim como Saramago se recusava a utilizar pontuação - porque pode, porque qualquer escritor é livre de criar as suas próprias regras sem ser julgado por isso. Nesse sentido, respeito claramente quem se recusa a aderir ao novo Acordo Ortográfico, até porque também eu sou contra, o que não respeito nem aceito é que proponham a ideia de reverter tudo e voltarmos ao antigo acordo, visto que isso iria prejudicar qualquer estudante que já escreva de acordo com as novas normas. 

Habituei-me no início desde ano letivo a escrever com o novo Acordo Ortográfico, por muito que isso vá contra os meus ideiais - tive de me conformar com isso para não dar erros ortográficos nos meus trabalhos e exames. Custou um bocado habituar-me porque sempre escrevi segundo as normas antigas, mas o que tem de ser tem muita força, por isso engoli alguns sapos e lá consegui aprender a escrever assim. Agora, após um ano de treino neste sentido, e embora ainda existam algumas palavras que me custam escrever de acordo com as novas normas, já não consigo voltar a escrever com o antigo acordo - não porque não me lembre como se escreve, mas porque já me habituei de tal forma ao novo acordo que reverter tudo iria ser uma confusão autêntica na minha cabeça.

Sou totalmente contra o facto de termos de nos aproximar do português do Brasil, visto que sendo a nossa língua a língua "mãe", deveriam ser eles a aproximar-se de nós e não o contrário (até porque há palavras que ficam tão esteticamente horríveis que nem tenho explicação). Compreendo e apoio toda a polémica em volta deste caso, por entender que se trata de uma enorme afronta à língua de Camões, mas temos de ter dois dedos de testa e não reverter aquilo que já está em vigor. Se queriam reverter alguma coisa deveriam tê-lo feito ANTES de os alunos serem obrigados a escrever desta forma - porque agora já vão tarde.

Não podemos andar com brincadeiras de "agora aprendam a escrever assim" e mais tarde "afinal já não é preciso", porque enquanto estudante que sou considero isso um ataque ao meu percurso académico e uma afronta a todo o esforço que tive de fazer para aprender a escrever segundo normas com as quais discordo mas que me foram claramente impostas.

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