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Upside Down

Um blogue de uma futura (e esperançosa) jornalista, que vê na escrita um refúgio para os bens e para os males da vida.

Upside Down

Um blogue de uma futura (e esperançosa) jornalista, que vê na escrita um refúgio para os bens e para os males da vida.

OPINIÃO: Violações em Portugal - crime ou tragédia?

Quem me conhece minimamente bem sabe que sou radical em grande parte das minhas opiniões. Para mim não há meio termo: ou é tudo ou nada. Por essa razão, decidi avisar desde já que a opinião que irá constar deste texto não irá agradar a muitos e chocará, concerteza, outros tantos. Contudo, a liberdade de expressão é um valor que muito prezo e, por isso, vou usufruir dele.

 

Todos os dias ouvimos/lemos notícias acerca de violações (tanto a menores como a adultos). Tantas vezes vejo programas em que alguns especialistas na Lei falam acerca das penalizações atribuídas a pessoas que cometem este tipo de crimes (que não podem exceder os 5 anos de prisão) e, depois de ver e ouvir tanta informação acerca deste assunto, resta apenas um sentimento quanto ao mesmo: revolta. 

Como é possível que, num país democrático e numa sociedade evoluída, seja atribuída uma pena tão pequena a violadores? Sempre soube que a justiça portuguesa já teve melhores dias, mas nunca pensei que fossemos tão atrasados. 

Se um assassino pode chegar à pena máxima - dependendo do homicídio e de outros tantos pormenores dos quais não falo por não ter muito conhecimento acerca do assunto - por que razão um violador não passa dos 5 anos (quando chega, realmente, a ser preso)? 

A meu ver, mesmo nunca tendo passado por isso, uma violação é pior do que um homicídio, porque no homicídio a vítima morre uma única vez, enquanto na violação a vítima morre todos os dias a partir desse momento. Não será essa morte constante, essa degradação do corpo e da mente, motivo suficiente para que esses filhos da mãe serem devidamente castigados por aquilo que fizeram?

Chegou, então, a parte que chocará alguns seres mais sensíveis e religiosamente atrasados: na minha opinião - e vale o que vale - os violadores mereciam uma pena de prisão com uma vertente de tortura. Tortura de sono, tortura física, tortura psicológica. Digo tortura, sem qualquer vergonha de o dizer, porque considero que neste tipo de crimes só é feita justiça quando quem os comete sente na pele um pouco do sofrimento da sua vítima. Não sou a favor da pena de morte, porque a morte não mata realmente - a tortura mata mais. Violação é tortura, daí que seja necessário torturar quem viola. Mais: sou a favor de que as vítimas, se quisessem, pudessem torturar - ou pelo menos descarregar alguma raiva - em quem as violou, de forma assistida e totalmente legal.

Opiniões radicais - embora não totalmente descabidas - de parte, surge-me uma questão pertinente: em Portugal, violação é crime ou tragédia? A resposta é clara: nós, Portugal, nós, portugueses, encaramos a violação como uma tragédiazinha que a coitadinha da nossa conhecida vivenciou e, por causa disso, nunca mais foi a mesma. O diminutivo tem, obviamente, de estar presente, não fossemos nós apologistas do ato de "sentir pena". 

E é aqui que erramos, enquanto país, enquanto comunidade e, sobretudo, enquanto seres humanos. Uma violação não é uma tragédia - tragédia é o país estar como está e termos um Primeiro Ministro que nos diz que está tudo no bom caminho. Uma violação é um crime, mais grave do que um homicídio. Violar é matar todos os dias a vítima, é fazer com que esta deixe de viver para passar a sobreviver, como pode, consumida pela raiva que sente e a aversão que tem àquela pele que jamais conseguirá esquecer. 

Precisamos, urgentemente, de encarar este tipo de crimes como algo que merece ser verdadeiramente punido. Precisamos de um país no qual seja feita justiça a estas vítimas - e não apenas uma justiçazeca, só porque "pelo menos a coitadinha da vítima está viva e o que importa é ter saúde". 

Sou defensora de um país em que os seres desumanos sejam devidamente punidos, sem qualquer pudor. 

 

BIOGRAFIA: Pedro Chagas Freitas

 

Pedro Chagas Freitas nasceu em Guimarães, a 25 de setembro de 1979, e é um escritor português.
Formou-se em Linguística na Universidade Nova de Lisboa e começou por ser chefe de redação da revista Estádio D. Afonso Henriques.
Escreveu para vários jornais, nomeadamente A Bola e o Desportivo de Guimarães. Foi editor e chefe de redação do jornal Global Minho & Porto e redator do jornal Inside. Trabalhou, ainda, na área da escrita publicitária, na agência de publicidade Motive.
Em 2005, publicou a sua primeira obra literária - Mata-me -, seguida de O Evangelho da Alucinação.
Coordena sessões de escrita criativa, bem como seminários e workshops na mesma área.
Em 2010 estrou-se em rádio, apresentando o programa Ensaios sobre a imbecilidade e, em 2012, na televisão, sendo o autor e apresentador de uma rubrica de literatura, no canal MVM.
Ainda nesse ano, colocou em prática o seu primeiro curso de escrita criativa realizado através do Facebook.
Autor do best-seller Prometo Falhar, tem feito sucesso em todo o país, com a sua forma única de escrever e a sua capacidade de "brincar" com as palavras. Esta obra, lançada em Abril de 2014, ainda se mantém no top de vendas a nível nacional.

 

“Metade da felicidade consiste em conhecer os nossos limites. E a outra metade consiste em desrespeitá-los.” Pedro Chagas Freitas

 

 

Admiro Pedro Chagas Freitas pela forma como consegue dizer com as palavras certas aquilo que sinto. Pela forma como brinca com as palavras, consegue arranjar novas definições para aquilo que já está definido, tocando, assim, o coração dos seus leitores. Aconselho-vos a ler Prometo Falhar, sem, contudo, procurarem uma história com início e fim, pois não é essa, na minha opinião, a essência do livro.



OPINIÃO: Pedro Abrunhosa - tudo o que ele nos dá

Hoje não vos venho falar de mim, ou daquilo que estou a sentir, nem de um assunto que me revolta. Hoje, guardei um bocadinho do meu tempo para vos falar de uma pessoa que eu admiro sem sequer conhecer e que me tem acompanhado durante toda a minha vida.

Venho falar-vos de Pedro Abrunhosa. Como todos sabem, é um cantor português de renome, que completou no ano passado 20 anos de carreira. Não vou começar aqui com biografias esquisitas, se querem biografias fazem favor de consultar o Wikipedia.

A razão pela qual venho falar dele relaciona-se com a marca que ele deixou em mim desde que conheço as músicas que compõe e escreve. A música que me mais me faz vibrar é, sem qualquer dúvida, a “Tudo o que eu te dou”, mas nenhuma outra me passa ao lado. Desde as mais antigas às mais recentes, todas, sem qualquer exceção ou critério, me dizem algo.

Já o vi duas vezes ao vivo e tive a sorte de estar pessoalmente com ele, mas prometi a mim mesma, desde a primeira vez, que iria a todos os concertos próximos da minha zona, não porque goste de ver coisas repetidas, não porque dê um valor enorme a ver um cantor ao vivo, mas porque o espetáculo dele não é apenas um concerto com meia dúzia de músicas. É mais que isso. É um momento de paz, em que todas as pessoas presentes se unem para partilhar, por algumas horas, o que sentem quando ouvem aquelas músicas. Sinto magia cada vez que o ouço ao vivo. 

Todas as músicas deste cantor me dizem algo, mas as que mais me têm marcado são aquelas que falam de perda e que são dedicadas ao seu falecido irmão. Pedro Abrunhosa sabe escrever a dor de uma forma tão bonita que nos faz sentir a dor dele e partilhá-la. As suas músicas são misteriosas e, ao mesmo tempo, transparentes, porque quem sentiu aquela dor, sabe reconhecê-la em cada música.

Para aqueles que dizem que não é um cantor, mas sim um intérprete, ou alguém que "diz umas coisas", não percebem quão enganados estão. Estão no direito de não gostar das músicas ou do estilo, mas nunca poderão afirmar que ele não é um cantor, porque acreditem que o é. Se as músicas dele fossem cantadas em vez de "quase faladas", não tinham metade do significado que têm.

Não sei por que razão decidi escrever este texto, mas senti uma vontade enorme, porque há pessoas que nos marcam sem sequer nos conhecerem, que acompanham a nossa vida, a nossa dor e nos fazem perceber, muitas vezes, que não somos os únicos a perder alguém, ou a amar alguém.

Ao Pedro, um muito obrigada, por ser a única pessoa capaz de descrever exatamente o que sinto, fazendo-me, simultaneamente, sentir muito melhor. Que continue a ser o (na minha opinião) melhor músico, intérprete e cantor português da atualidade.